Vagos sinais de sons
que me atraem,
palavras ímpares.
Entre paredes
de um concreto
invisível,
vulgar: repasso
os passos que dei.
Através das lentes
de olhos vazados,
a paisagem derrete
seu desenho selvagem — nada brilha
por luz que não seja
o fogo.
A sorte queima
suas fraquezas
em cinzeiros de
bares, entre
copos
lágrimas
promessas.
O frio viola
as linhas dos mapas,
invade meu estado
de espírito — culpo deuses inventados,
aberrações outonais.
Sequestro as sobras de tempo
de minutos abandonados: mendigo das horas,
sobrevivo de instantes não vividos,
mortes anunciadas.
Sob uma cegueira de luzes geladas,
carimbando meu passaporte
em desertas fronteiras mentais,
sigo,
porque minha única certeza
é andar.
Imagem: O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry (1943)