sábado, 7 de maio de 2011

E no terceiro dia...

Para ressuscitar esse espaço, novas postagens de textos velhos. Aqui vão três poemas meus belamente ilustrados pela Patrícia Galelli. Isso foi há um tempo, parecem séculos. Eram do acervo do "A insanidade não tem nome", meu antigo blog, que tinha seis leitores fiéis.


O corpo



















O corpo quer explodir — expulsar ideias,
expandir.
A pele, contudo, aprisiona os sentidos.
Faz do corpo jaula,
animais que somos.
Não lutem, porém. Não lutem.

Deixem que cheguem os anos,
a podridão da carne,
os vermes, enfim.
Não se apeguem ao corpo.

Não se apeguem
ao corpo.
O corpo — casca, projeto efêmero,
é substância volátil. Passará.
Da alma pouco sei,
sequer que exista: respiram as coisas,
pessoas,
e isto parece bastar.

Mas não se apeguem ao corpo.
O corpo é menos,
pouco.

Ilustração: Patrícia Galelli

3 comentários:

  1. Ô, meu rei, publica um poema por vez. Fica melhor pra acompanhar seu processo...

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  2. Feito o brique, Cedenir! Reformulei as postagens, o que gera uma (interessante) distorção temporal, porque agora seu comentário ocorreu antes da publicação...

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